Concurso da PCDF: mais de 100 mil pessoas buscam vaga; provas são neste fim de semana, em Brasília
O concurso da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), que acontece neste fim de semana, em Brasília, recebeu 141.525 inscrições, um aumento de 245% em relação à seleção realizada em 2013, quando esse número foi de 39.876.
A alta procura por uma vaga no serviço público também é vista em outros processos. O Banco do Brasil registrou, neste ano, recorde de inscritos: foram 1,6 milhões em todo o país, sendo 114,7 mil no DF.
O processo seletivo da PCDF é para os cargos de escrivão e de agente de polícia, que exigem nível superior e tem salário de R$ 8.698,78 – a segunda maior remuneração para essas funções no país, segundo levantamento do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (SINDPESP).
As provas para escrivão ocorrem às 14h deste sábado (21). Ao todo, são 52.634 pessoas disputando 300 vagas – ou seja, uma demanda de 175 candidatos para cada posto; no último concurso, essa concorrência era de 116 para cada vaga.
No domingo (22), as avaliações são para o cargo de agente policial, que conta com 88.891 inscrições para 600 vagas, sendo uma disputa de 148 para cada uma delas. No certame de 2013, a demanda era de 94 pessoas por posto.
Impacto da pandemia
Cláudia Griboski, diretora do Cebraspe, banca responsável pela prova da PCDF, cita os efeitos da pandemia da Covid-19 como um dos fatores que influenciam a alta demanda dos concursos.
“Em cenário de pandemia, tem se observado agravamento do desemprego no país, esse reflexo pode ser, sim, um dos motivos que amplia o número de candidatos nos concursos, são uma oportunidade de estabilidade”, diz Cláudia.
O mais recente levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), relacionado ao trimestre encerrado em maio, aponta uma taxa de desemprego de 14,6% no Brasil, o que representa 14,8 milhões de pessoas – o segundo maior índice da série histórica, iniciada em 2012.
A taxa recorde de desemprego no Brasil, de 14,7%, foi registrada nos dois trimestres imediatamente anteriores, fechados em março e abril. Este mesmo índice foi o registrado individualmente no DF neste período, representando 241 mil pessoas.
Oscar Garcia, gerente executivo de concursos da Fundação Cesgranrio, responsável pelo concurso do Banco do Brasil, recorde de inscritos neste ano, também destaca que “diversas empresas fecharam, então, aumentou a procura”. Garcia também lembra que a pandemia suspendeu as seleções.
“Tivemos a escassez de concursos públicos por conta da pandemia. Então, quando abre um concurso nacional como esse, acarreta a demanda”, diz Garcia.
Na disputa
Uma pesquisa realizada pela plataforma de cursos preparatórios Grand Cursos Online aponta que as pessoas de 18 a 34 anos representam a maioria dos candidatos aos concursos públicos. Um dos fatores é o fato da faixa etária ser a mais expressiva entre as pessoas que estão no mercado de trabalho ou iniciando carreira.
O brasiliense Gleidson Rodrigues Nogueira faz parte da minoria. Aos 44 anos, ele decidiu prestar concursos em busca de estabilidade.
“Eu fazia parte da área de comércio, mas houve uma queda muito grande. Atualmente sou vigilante, e com esse trabalho de segurança privada me atentei mais à segurança pública”, diz o candidato.
Gleidson decidiu fazer o concurso da Polícia Civil do DF durante a pandemia. “A pandemia me deixou mais preocupado. Eu corri o risco de ser mandado embora, os quadros de pessoal foram reduzindo”, conta.
A dedicação, no entanto, ocorre em um cenário mais competitivo. “Essa insegurança bate para todos os candidatos, uma maior quantidade de pessoas, a pressão ficou muito alta”, aponta o vigilante.
by: LUANA BARROS