Creche irregular onde bebê morreu no DF tina apenas um berço para 40 crianças e atendia em condições precárias
A creche irregular onde uma bebê de seis meses morreu após passar mal, em Planaltina, no Distrito Federal, funcionava em “condições precárias”, de acordo com a Polícia Civil. O lugar não tinha camas e atendia 40 crianças com apenas um berço.
O caso ocorreu na quarta-feira (20). A menina chegou a ser socorrida e levada ao Hospital Regional de Planaltina, mas já estava sem vida. Após o caso, outra mãe procurou polícia para denunciar supostos maus-tratos ocorridos no estabelecimento.
Uma das duas proprietárias da creche foi presa na quinta, por homicídio por omissão imprópria. Nesta sexta, a prisão foi convertida em preventiva, por tempo indeterminado. O g1 tenta contato com a defesa da mulher.
O delegado à frente do caso, Veluziano de Castro, da 31ª Delegacia de Polícia, de Planaltina, afirma que a creche atendia diversas crianças, com idades entre 6 meses e 10 anos. Segundo o investigador, como o espaço não tinha camas, os pequenos ficavam em “bebês conforto”.
“Em apenas um berço, ficavam três crianças em redes improvisadas e outras no colchão, embaixo”, diz o delegado.
Além disso, segundo o investigador, a creche funcionava com apenas três funcionários, sendo dois por turno, o que seria insuficiente para atender a demanda de alunos.
Outro ponto levantado pela investigação é o tempo entre as refeições. Segundo Veluziano, a criança que faleceu se alimentou às 11h e ficou trancada entre 13h e 18h, quando foi encontrada sem vida.
“Temos informações de que as crianças ficavam imobilizadas em um saco, não sabemos ainda como ele seria, se era próprio para dormir. Ainda estamos fazendo perícia”, comentou.
Após a morte da menina, o delegado disse que se surpreendeu ao chegar à creche e perceber que o local ainda estava em funcionamento. “Há indícios de maus-tratos. O Conselho Tutelar foi acionado e vamos investigar”, disse.
Relembre o caso
Os pais da criança só souberam da morte ao chegarem na creche, para buscar a filha. Funcionárias disseram à família que a criança se engasgou. No entanto, as investigações apontaram que a menina chorava muito e que a investigada se irritou, entrou no quarto onde a bebê estava, e a colocou em um saco, para que ficasse imobilizada.
A investigação teve acesso à troca de mensagens de funcionárias do estabelecimento, que acusam a proprietária de ser responsável pela morte da menina.
“Sei lá o que essa desgraçada falou, mas foi ela que matou, porque enrolou um pano na cara da bebê [SIC]”, diz um trecho da conversa.
Em outra mensagem, uma das funcionárias diz que quer localizar a mãe, para informar que o caso se trata de um homicídio.
“Ela era responsável e se omitiu. Ainda não temos laudo do Instituto Médico Legal [IML] para definir a causa da morte, mas está ligada à omissão”, disse o investigador.
Creche irregular
A instituição não é cadastrada junto à Secretaria de Educação (SE-DF), nem tem alvará de funcionamento expedido pela Administração Regional de Planaltina. Em nota, o governo do DF informou que e escola chegou a iniciar o processo de obtenção da licença, mas não concluiu por falta de autorizações da SE-DF e da Vigilância Sanitária.
by: VANESSA DA COSTA