Associação dos Candangos Pioneiros vai doar acervo histórico ao GDF
Mais uma parte da história de Brasília vai compor o acervo do Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF), instituição guardiã da memória da atual capital do país. Trata-se da documentação da Associação dos Candangos Pioneiros de Brasília, que encerrará suas atividades após mais de 30 anos valorizando a figura dos primeiros trabalhadores que ajudaram a construir a cidade sonhada por Juscelino Kubistchek.
São fotos e documentos valiosos, como as fichas de cerca de 2 mil associados que passaram pela instituição, criada em 1992 pelo médico Ernesto Silva, um dos primeiros diretores da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) e homem de confiança de JK. O material, que deve ser transferido nas próximas semanas, vai virar mais um dos fundos arquivísticos privados da instituição, podendo ser pesquisado por historiadores, jornalistas e entusiastas da criação de Brasília.
Ao todo, 19 fundos ou conjuntos de documentos, públicos e privados, compõem o principal acervo do Arquivo Público do DF. Entre as preciosidades encontradas, estão registros documentais, cartográficos e iconográficos da empresa que construiu a cidade, a Novacap, e material histórico particular de personalidades como o jornalista Carlos Chagas, o arquiteto Gladson da Rocha e de um dos primeiros prefeitos da capital, Paulo de Tarso, falecido em julho de 2019.
“O que mais tem de bacana nesse material são as fichas de inscrição das pessoas; são informações muito ricas para o Arquivo Público, porque expressa motivações que levaram os pioneiros a virem para Brasília, se fixarem na cidade”, avalia o historiador do Arquivo Público do DF Elias Manoel da Silva.
“Esse documento vindo para o Arquivo é a maior garantia de que essa história não vai ser esquecida, de que o pedacinho da história de algumas pessoas não será esquecido, e o Arquivo Público vai fazer questão de divulgar”, reforça o superintendente da instituição, Adalberto Scigliano.
Há mais de 11 anos à frente da Associação dos Candangos Pioneiros, o advogado Yussef Jorge Sarkis, 67 anos, explica que a decisão de encerrar os trabalhos da entidade e fazer a doação do acervo foi o caminho mais natural e sensato encontrado. “Perdemos nesses dois anos e meio mais de 30 pessoas e não conseguimos trazer ninguém novo para a Associação”, lamenta.
“Administro memórias. Poder transferir o acervo deu para a gente uma tranquilidade. Mais do que uma fotografia ou um documento, a associação é creditada junto ao GDF para declarar a condição desses primeiros moradores e trabalhadores da cidade, para que possam ser sepultados na quadra dos pioneiros no Campo da Esperança”, explica Sarkis.
No material que será doado ao ArPDF, sintetizado, nas palavras de Sarkis, “num arquivo de aço de pastas suspensas”, além de fotos e fichas de inscrições, estão ainda cópias de carteiras de trabalho e decretos de nomeações, além de fichas declaradas por algumas das autoridades importantes da construção de Brasília, atestando que conhecia determinado pioneiro. “Temos algumas declarações que são bem valiosas”, atesta Sarkis, cujo pai trabalhou com obras na construção da nova capital.