Empreendedores do DF apostam no álbum da Copa do Mundo para conseguir grandes lucros
A época de Copa do Mundo é um período único para os brasileiros, que, de quatro em quatro anos, se enfeitam e entram no espírito da maior competição de futebol do planeta. Neste período, os álbuns de figurinhas da competição trazem grandes movimentos para as bancas, sendo consumido por fãs de todas as idades que sonham em conseguir completar o livro ilustrado.
Mas, nesta edição de 2022, uma nova febre tomou conta dos consumidores, fazendo com que cada vez mais pacotes de figurinhas, que custam R$ 4 cada, sejam vendidos a cada instante. Unidades raras, denominadas como “lendárias”, podem virar um verdadeiro pote de ouro para os que encontram. A mais valiosa é a do craque brasileiro Neymar, que, no final do mês passado, chegou a ser vendida na internet por R$ 9 mil.
Vendo o potencial de lucro que a venda do álbum de figurinhas pode proporcionar, o empreendedor Simon Vieira decidiu montar um ponto de troca e venda de figurinhas no segundo piso do Boulevard Shopping, na Asa Norte, que funciona de segunda a sábado das 10h às 22h, e das 13h às 19h nos domingos. Inaugurado na semana passada, ele diz que já vendeu R$ 80 mil em produtos, além de conseguir faturar R$ 17 mil para si.
De acordo com Simon, o maior fluxo de consumidores acontece no final de semana, onde filas de colecionadores de todas as cidades se amontoam no segundo piso do Bouvelard. Porém, até mesmo no horário de almoço de ontem, o empreendedor não conseguiu ficar parado, já que sempre havia clientes interessados em trocar ou comprar novas figurinhas. “Cheguei aqui às nove e meia da manhã, e já tinha gente sentado me esperando”, conta.
Segundo Vieira, esta é a primeira vez em que começa a realizar um empreendimento, e a primeira experiência não poderia ser melhor, já que conseguiu mais de R$ 10 mil só no último final de semana. As expectativas do empreendedor são altas, já que ele pretende ter R$ 80 mil em seu bolso durante a abertura da Copa do Mundo do Catar.
“Tá sendo uma experiência totalmente nova para mim, uma oportunidade nova que pintou, já que eu nunca tinha empreendido antes. Eu estou apaixonado por esse universo, é muito legal fazer as pessoas felizes. Neste ponto de troca aqui, existe um clima muito bom, vem velhinho de 80 anos, criança de 10, é todo mundo misturado”, explica.
Demanda é maior do que a oferta
Quando o assunto é a venda de álbuns de figurinhas das Copas do Mundo, um tradicional ponto lembrado pelos brasilienses é a Banca do Brito, na 106 Norte. O seu dono é o empreendedor José Gonçalves Brito, que vende os livros ilustrados desde a Copa de 1994, onde o Brasil conquistou o tetracampeonato em cima da Itália.
Apesar de ter seis copas em sua bagagem, ele conta que a edição deste ano está sendo diferente das anteriores, já que o desejo de achar as valiosas figurinhas lendárias está movimentando até mesmo o interesse daqueles que não possuem o hobby de completar os álbuns. “Nessa mania de sair esses premiados aí, do Neymar e outros craques, pessoas que nunca fizeram álbum estão comprando as figurinhas na intenção de conseguir as especiais”, conta.
De acordo com Brito, a expectativa é que a Copa de 2022 se torne um recorde de vendas, superando todos os faturamentos dos últimos 28 anos. E se depender dos brasilienses, isso se tornará uma realidade, já que no último fim de semana, a pequena banca de jornais atendeu duas mil pessoas.
Com o fenômeno das figurinhas lendárias, o empreendedor conta que o seu ponto de vendas ficou sem figurinhas desde a última sexta-feira (2), e que vem tendo problemas com o abastecimento dos produtos. Segundo ele, a alta procura por figurinhas está muito superior do que a disponibilidade das remessas de pacotes no Distrito Federal. “Comprei em todos os pontos alternativos de Brasília para suprir a minha necessidade aqui. A gente está com uma demanda meio defasada, mas hoje nós recebemos um estoque”, conta Brito.
Realizando um sonho de criança
A Copa do Mundo de 2022 está sendo a primeira oportunidade para muitos brasilienses completarem os álbuns de figurinhas. Para o estudante de química Eduardo Sotero, de 20 anos, a nova edição está sendo a realização de um “sonho de infância”, que, por questões financeiras, não pode ser concretizado em copas anteriores.
“Eu não vivi aquela parte da infância que a maioria das crianças brasileiras vivenciam, que é aquela empolgação de trocar figurinha, de pegar figurinha no bafão, de comprar o álbum. Na época que eu era criança, eu não tinha a oportunidade financeira de comprar”, conta o estudante.
Com uma vida financeira mais confortável, Sotero pode comprar o seu primeiro álbum neste ano, e está focado para conseguir completá-lo antes do início da Copa do Mundo. Quando o livro ilustrado foi lançado nas bancas do DF, em 19 de agosto, o estudante comprou o seu exemplar em um depósito próximo da sua residência, em Planaltina: “Estou muito empolgado para completar, ou para conseguir uma bolada”.
Agora, Eduardo conta que poderá vivenciar uma pequena parte da sua infância junto com o seu sobrinho pequeno, que ainda está vivendo a “fase áurea da sua vida”. Ambos colecionam juntos e pretendem conseguir todas as figurinhas até novembro. Segundo as suas contas, ele conseguirá completar o álbum após realizar um investimento de mais de R$ 530, e, apesar de considerar o preço custoso para o seu bolso, ele pondera que a realização do seu sonho não possui valor algum.
“O que me levou a comprar foi a vontade de vivenciar essa fase da Copa, a empolgação pré-hexa e tudo mais. Assim, eu posso viver um pouquinho do que eu não tive oportunidade. É tipo uma magia única, é um valor muito alto para poder adquirir as figurinhas e tentar completar. É um valor salgado, mas nada paga a emoção proporcionada”, conclui o estudante.