Campanhas de Lula e Bolsonaro acirram disputa
As campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de Jair Bolsonaro (PL) devem intensificar os esforços para atrair votos no Sudeste na reta final da eleição.O mais recente Datafolha mostra cenário nacional de estabilidade, com o petista com os mesmos 45% das intenções de voto marcados há uma semana. O atual presidente oscilou negativamente de 34% para 33%.
Em terceiro lugar, empatados tecnicamente, aparecem Ciro Gomes (PDT), com 8%, e Simone Tebet (MDB), com 5%.
De acordo com estrategistas dos mais bem colocados nas pesquisas, o resultado do Datafolha reforçou a percepção de que a disputa até o dia da eleição se concentrará nos três estados com mais eleitores no país: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Enquanto em São Paulo e no Rio Lula viu sua vantagem no Datafolha aumentar, Bolsonaro ganhou terreno entre os mineiros. Após a divulgação do resultado do levantamento, as duas campanhas disseram que é preciso avançar sobre o voto dos indecisos nesses estados.
Para o deputado José Guimarães (CE), um dos coordenadores do comitê de Lula, o equilíbrio nas intenções de voto do petista no Sudeste “consolida a possibilidade de vencer no primeiro turno.”
“O principal desafio é manter a dianteira nesses estados, com prioridade de agenda. É hora de apertar, a militância deve ir para as ruas, esquinas, defender o voto no 13”, afirma.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), diz que Lula deve continuar a priorizar agendas no Sudeste e retornar ao Rio de Janeiro pelo menos mais uma ou duas vezes antes do primeiro turno.
A equipe do ex-presidente comemorou o cenário de estabilidade trazido pela pesquisa.
Para vencer no primeiro turno, como quer o ex-presidente, um candidato precisa obter mais da metade do total de votos válidos, que desconta nulos e brancos e é o critério oficial para definir o pleito.
Segundo o Datafolha, Lula tem 48% dos votos válidos, mesmo índice da última sondagem.
Em Minas Gerais, Lula passou de 47% das intenções de voto para 43% em relação ao levantamento feito pelo instituto há duas semanas. Já Bolsonaro oscilou positivamente de 30% para 33%, reduzindo assim de 17 para 10 pontos a diferença entre os dois.
No maior colégio eleitoral do país, São Paulo, o petista oscilou positivamente de 40% para 43%, enquanto o presidente foi de 35% para 33%. Já no Rio de Janeiro, Lula foi de 42% para 44%, variação dentro da margem de erro, e Bolsonaro estacionou em 36%.
A equipe de Bolsonaro, por sua vez, comemorou a melhora do cenário em Minas Gerais. Ainda que insistam na tese apelidada por eles de “Datapovo”, de contrapor as pesquisas de opinião às manifestações de apoio ao presidente, levantamentos internos também mostram o avanço do candidato do PL no estado.
A avaliação é a de que a campanha tem conseguido conquistar indecisos em Minas Gerais e ainda virar votos de quem tinha outro candidato.
Aliados do chefe do Executivo contam que a etapa final da campanha deve focar em viagens no Sudeste. A agenda não está definida, até porque Bolsonaro deve participar do velório da rainha Elizabeth 2ª em Londres no final de semana e ainda discursar na Assembleia da ONU em Nova York.
Mas a previsão é a de que ele intensifique viagens por Rio, São Paulo e Minas. No sábado seguinte (24), por exemplo, quando já tiver chegado do exterior, deve ir a Campinas (SP).
Durante a divulgação do Datafolha, Ciro fazia uma transmissão de vídeo nas redes sociais na qual novamente criticou quem defende voto útil no primeiro turno. A campanha de Lula tem feito uma ofensiva sobre eleitores do pedetista.“O PDT está renascendo forte. Por isso a gente não pode aceitar esse negócio de voto útil. Porque a sabedoria é dois turnos. Você, no primeiro turno, vota em quem você acha melhor, em quem você se identifica, e vota sem medo, vota com esperança, vota com amor, vota com crença”, defendeu.
“Não deu certo, tem o segundo turno e você corrige o voto. Aí o voto no segundo turno é ‘eu não gosto do coisa ruim, fico com o coisa pior’ ou ‘não gosto do coisa pior, fico com o coisa ruim’. Mas eles estão querendo levar o Brasil no ódio e nas paixões despolitizadas, não podem discutir nada dos problemas e não se comprometer com nada.”
Já a campanha de Tebet minimizou a falta de crescimento da candidata, argumentando que ela conseguiu manter o seu índice, mesmo ainda estando em fase de se apresentar para o eleitorado. Sua equipe ainda aproveitou para criticar as estratégias de defesa do voto útil já no primeiro turno.