Congresso instala quatro comissões mistas nesta terça para apreciar medidas provisórias de Lula

Congresso instala quatro comissões mistas nesta terça para apreciar medidas provisórias de Lula

Com pelo menos 40 dias de atraso, o Congresso Nacional vai instalar nesta terça-feira (11) quatro comissões mistas para apreciar medidas provisórias (MP) do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A mais antiga das MPs foi encaminhada há 69 dias e precisa ser analisada pelo colegiado e plenário das duas Casas até 1º de junho para não perder a validade. Trata-se da MP 1.154/2023, que reestruturou a organização dos órgãos da Presidência da República e dos ministérios.

A matéria já teve o prazo de 60 dias iniciais prorrogado, mas precisa ser votada em até 120 dias para não perder a validade. Se isso não for feito, o governo pode ver a criação de novos ministérios ser revertida à estrutura do governo Bolsonaro.

O mesmo ocorre com a MP 1.160/23, que também está no 69º dia de tramitação. Pela medida, o governo restabeleceu o voto de qualidade no Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf), órgão ligado à Receita Federal. Essa pauta, no entanto, é polêmica, e a tendência é de que as discussões sejam mais longas, mas restam pouco mais de um mês e meio para a MP caducar.

Pela alteração promovida com essa MP, o governo tem vantagem em julgamentos de matérias tributárias. No entanto, o instrumento foi extinto com a lei nº 13.988/2020. A legislação definiu que, em caso de empate, a decisão seria em benefício do contribuinte. Partidos tentam barrar a decisão na Justiça.

No 56º dia de tramitação, a MP 1162/2023 também está entre as quatro matérias que tiveram acordo para a instalação das comissões. A medida relança o programa Minha Casa, Minha Vida e propõe atender famílias com renda de até R$ 8.000 mensais, na zona urbana, e de até R$ 96 mil por ano, na zona rural.

Por fim, a comissão para analisar as novas regras do Bolsa Família (MP 1.164/2023) também será instalada. A medida estabelece o valor mínimo de R$ 600 para as famílias cadastradas no programa, além de um adicional R$ 150 por criança de até 6 anos. Também há o valor extra de R$ 50 para dependentes de 7 a 18 anos e gestantes.

A MP 1.164 é a única das quatro que ainda não teve o prazo de 60 dias prorrogado e, por isso, vence em 30 de abril. A expectativa, no entanto, é que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), publique a prorrogação de mais 60 dias.

Impasse sobre volta das comissões

A instalação das comissões marca a volta das comissões mistas após três anos de tramitação simplificada em razão da pandemia da Covid-19. Durante o período, o rito tradicional foi interrompido com as MPs indo direto a plenário em meio às sessões remotas.

A retomada, no entanto, foi refutada pelos deputados, que pediam mudanças no rito e a continuidade da tramitação acelerada. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chegou a dizer que os deputados barrariam o andamento das comissões ao não dar quórum como forma de retaliar a volta das comissões sem acordo entre as Casas.

Pacheco, que também é o representante maior do Congresso, acatou uma questão de ordem e comunicou que iria reinstalar as comissões mistas, mesmo à revelia da Câmara.

Após semanas de entrave, a questão não foi resolvida, mas a Câmara cedeu e acordou com o governo a análise das MPs elencadas, além de outras duas que devem começar a ser discutidas na próxima semana.

Outras comissões

Lideranças do governo no Congresso afirmaram que há acordo para a abertura de outras duas comissões para analisar as MPs que recriam o programa Mais Médicos e o programa de Aquisição de Alimentos. A instalação só deve ocorrer na próxima semana.

O restante das MPs do governo devem ser transformadas em projetos de lei, que vão tramitar em regime de urgência constitucional. Neste rol entrariam, por exemplo, a extinção da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e medidas com as regras de desoneração e reoneração de impostos federais sobre os combustíveis.

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