Juristas defendem regras para uso da inteligência artificial no Brasil, Rodrigo Pacheco avalia parecer

Juristas defendem regras para uso da inteligência artificial no Brasil, Rodrigo Pacheco avalia parecer

As regras para fundamentar o desenvolvimento e a aplicação da inteligência artificial no Brasil devem respeitar a capacidade de crescimento da tecnologia.

A discussão está em andamento no Congresso Nacional por meio de três projetos de lei. Uma das propostas é da Câmara dos Deputados e foi aprovada pelos parlamentares em setembro de 2021. Ao chegar ao Senado, o texto se juntou aos outros dois temas que tratam do assunto.

Os senadores criaram uma comissão de juristas para analisar os projetos, sugerir aperfeiçoamentos e fomentar a proposta que será aprovada pelos senadores. O grupo iniciou os trabalhos em março do ano passado e concluiu em dezembro, quando entregou ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o relatório final, com 900 páginas.

A relatoria do projeto de lei está a cargo do senador Eduardo Gomes (PL-TO).

Especialistas defendem que a regulação do tema precisa dar margem para que a inteligência artificial seja capaz de inovar na prestação de serviços em áreas como saúde, educação e segurança, sem deixar de respeitar os direitos dos cidadãos.

Advogado e professor da Universidade de Brasília (UnB), Thiago Luís Sombra foi um dos integrantes da comissão de juristas. Ele destaca três principais pontos do documento elaborado pelo grupo: direitos dos usuários, avaliação de impacto algorítmico e regime de responsabilidade dos desenvolvedores.

Para Sombra, o tema ganhou força nos últimos tempos. “O desenvolvimento de novas tecnologias nos setores de saúde, educação, transporte e segurança, por exemplo, tem demandado, cada vez mais, a utilização de parâmetros e padrões que somente poderão ser tratados em larga escala a partir de soluções de inteligência artificial”, afirma.

A regulação, segundo o professor, pretende trazer previsibilidade, certeza e segurança, para desenvolvedores e usuários de soluções de inteligência artificial.

Como é em outros países

Secretária-geral da Comissão de Direito Digital, Tecnologias Disruptivas e Startups da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional do Distrito Federal (OAB-DF), Natália Piasentin, cita a experiência de outros países no assunto, como a Carta Europeia de Ética sobre o Uso da Inteligência Artificial em Sistemas Judiciais, criada pela Comissão Europeia para a Eficácia da Justiça.

“Nela, questões como não discriminação, direitos fundamentais das pessoas e qualidade sobre a segurança dos dados são avaliadas. Dessa forma, dispositivos semelhantes também poderiam ser pensados em outras esferas, para evitar implicações negativas no uso dessa tecnologia”, exemplifica.

A advogada defende o uso da inteligência artificial como ponto de partida para o aperfeiçoamento tecnológico. “Tudo depende da base de dados em que é treinada, os recursos que possui acesso e a maneira que é utilizada”, afirma.

Estados Unidos à frente

Os Estados Unidos deram o primeiro passar para regular a inteligência artificial nesta terça-feira (11). O governo abriu uma consulta pública sobre possíveis medidas de responsabilização de sistemas do tipo. A ação ocorre em meio a dúvidas sobre o impacto da tecnologia na segurança nacional e na educação.

Itália proibiu o robô ChatGPT, criado pela OpenAI no fim de março deste ano. Desde que foi criada, em novembro de 2022, a ferramenta tem atraído usuários pela facilidade em responder perguntas e criar narrativas.

As autoridades italianas acusaram o ChatGPT de não respeitar a legislação sobre dados pessoais e de não dispor de um sistema de verificação etária para os usuários menores de idade.

O anúncio foi feito depois de a agência policial europeia (Europol) alertar, dias antes, que criminosos podem se aproveitar da inteligência artificial, como o ChatGPT, para cometer fraudes e outros crimes cibernéticos.

Também no fim de março, imagens do Papa Francisco com um casaco do estilo puffer, feitas a partir da plataforma Midjourney de inteligência artificial, começaram a circular na internet como se fossem verdadeiras.

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