56º Festival de Brasília tem grande abertura com homenagem a Antônio Pitanga
Os cinéfilos do quadradinho estavam em peso, neste sábado (9), no Cine Brasília (504 Sul), para a abertura da 56ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.
Com uma grande recepção, a edição deste ano começou com homenagens a Maria Coeli, Dácia Ibiapina e Antônio Pitanga, que levou o prêmio Candango pelo conjunto da obra. O evento que mostra a retomada da sétima arte pós governo Bolsonaro foi ovacionado com muitas palmas, protestos e grandes emoções e ainda contou com a estreia do longa, “Ninguém Sai Vivo Daqui”, do diretor André Ristum no festival mais longevo de cinema do Brasil.
Abertura
Os apresentadores Rocco Pitanga e Gabriela Correa começaram a noite exaltando alguns nomes do audiovisual da capital que faleceram recentemente, como o projetista do Cine Brasília Elmar Umberto Techmeier, o Beto, e do diretor de fotografia premiado André Luís da Cunha.
Seguindo com as homenagens, o Prêmio ABCV, da Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo, foi concedido a Maria Coeli — diretora e documentarista da TV e do cinema.
“Eu vim para Brasília em 1960 com meu pai e meu irmão Fernando. Em Brasília casei, tive duas filhas, quatro netos e cinco bisnetos. Sempre fui alfabetizadora. Acho que vou viver até os 100 anos, porque isso é normal na minha família. Estou há 60 anos nessa ilha onde JK nos colocou, e nos orgulhamos disso”, disse Coeli.
A Medalha Paulo Emílio Salles Gomes, fundador da cinemateca brasileira e do próprio FBCB, foi dada à diretora e roteirista piauiense Dácia Ibiapina. Quem entregou a honraria foi a diretora artística do Festival de Brasília, Ana Karina de Carvalho, que também foi homenageada.
“Que honra, que alegria receber essa medalha. Paulo Emílio foi um construtor de cinema de Brasília, criou o curso de cinema da UnB, ou seja, nos apontou um caminho. Uma pessoa que dedicou sua vida ao cinema e eu me identifico com isso”, comemorou Dácia.
“Como diretora artística eu só tenho a agradecer é um reconhecimento, depois de mais de vinte anos de trabalho, várias mostras, festival internacional. Eu já participei do Festival de Brasília em todas as áreas, de produtora a coordenadora de seminários, a jurada. Então chegar aqui é um processo natural, mas também de realizar um sonho”, declarou Ana Karina ao JBr.
Grande homenageado da edição
O artista Antônio Pitanga de 84 anos e mais de 60 anos de carreira recebeu o prêmio Candango de Conjunto da Obra das mãos do próprio filho, o também ator Rocco Pitanga que celebra sua admirável contribuição para o audiovisual brasileiro.
“Todas as emoções da vida, por que é uma revisitação da história do cinema brasileiro da qual eu faço parte, desde o movimento do Cinema Novo e da qual me honra muito ser aqui. Esse festival é histórico, ele é resistência é uma tribuna em plena ditadura militar ele resistiu com um conjunto de pessoas. Eu estou em festa”, disse Antônio com exclusividade ao JBr.
Estreia
Após a cerimônia de abertura, os espectadores presentes assistiram à sessão do filme “Ninguém Sai Vivo Daqui”, do diretor André Ristum.
No longa programado para meados de 2024, aborda de maneira fictícia os casos reais de internação compulsória, tortura e até assassinatos que aconteceram no Hospital Psiquiátrico Colônia de Barbacena, em Minas Gerais. A produção é inspirada no livro “Holocausto Brasileiro” da escritora Daniela Arbex.
“Esse filme começa como um drama da vida real e acaba virando um terror também da vida real, a ideia era através do olhar da personagem principal vivida pela Fernanda Marques, mostrar o sentimento dela sobre tudo a sua volta. É um tema muito forte e me interessa muito por vários motivos”, declarou Ristum ao JBr.
A 56ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro vai até o próximo dia 16/12, com mostras competitivas nacionais e de Brasília, Festivalzinho e a Mostra Paralela — Outros Olhares.