Projeto Escritores Mirins estimula desenvolvimento da escrita dos alunos da EC 10 de Taguatinga
Mais de 190 estudantes do 3º ao 5º ano da Escola Classe (EC) 10 de Taguatinga viveram este ano a experiência única de escrever um livro. O ato faz parte de um projeto da instituição criado em 2019 e batizado de Escritores Mirins. A iniciativa incentiva os estudantes a escreverem textos autorais, a partir do aprendizado em sala de aula, para serem impressos cada um em uma publicação própria.
“O projeto contribui demais para o processo de alfabetização e vem como uma forma de incentivo à leitura e à escrita. A partir do momento que a criança tem um interesse maior, automaticamente ela se desenvolve”, explica Emiliane Bueno, professora supervisora da escola. De acordo com ela, o projeto é direcionado para o 3º ano, mas também se estende para os jovens interessados no 4º e 5º ano. “Todos que querem participar são bem-vindos”, comenta.
As crianças têm liberdade para escolher o gênero literário a partir do conteúdo estudado. Por isso, há contos, poemas e poesias. Além disso, cada um dos jovens fica responsável pela ilustração do livro. A obra fica disponível em formato digital pelo site Estante Mágica e físico, esse último com direito a uma noite de autógrafos na escola nesta sexta-feira (25).
Devido aos custos da impressão, alguns dos autores mirins são apadrinhados. “Como algumas crianças não têm condições de adquirir o livro, elas são presenteadas com o apadrinhamento”, revela Emiliane.
A pequena Lorena Loures Alves de Abreu, 8 anos, escolheu escrever um conto. Ela se inspirou na história da Branca de Neve e os sete anões para criar uma narrativa original sobre uma menina que, ao perder a mãe e o pai, precisa ir morar com uma tia carinhosa e uma prima muito ruim. “Fui juntando algumas coisas que aconteceram, e quando comecei a escrever as ideias foram surgindo. Fui pensando e escrevendo”, conta.
Para a menina, a oportunidade vai ajudá-la a aprimorar a escrita. “Eu errei bastante [na hora de escrever], mas corrigi e deu tudo certo. Acho que quando eu pegar o livro e ver o resultado vou ter noção do que errei e do que acertei, porque eu pretendo ser escritora. Porque eu amo muito ler e escrever”, diz Lorena.
Italo Nunes Persiano, 9, gosta mais de desenhar do que escrever. Mas, ao participar do projeto, viu despertar um novo talento. “Nunca pensei em ser escritor, mas quando a minha professora falou, acabei pensando [numa história] e gostei muito [de escrevê-la]. Foi a minha melhor experiência criativa, porque ser escritor é algo novo para mim”, afirma.
Estímulo à imaginação
Ele criou uma ficção inspirada na franquia de desenhos e jogos Pokémon. “Surgiu na minha mente uma história com pokémons diferentes. Começou a rolar na minha mente com a história começando numa floresta, escrevi e desenhei tudo que surgiu na minha cabeça”, lembra.
O irmão do menino, o estudante Igor Nunes Persiano, 9, também participou do projeto. Só que o jovem preferiu escrever uma história baseada em sua própria narrativa. “Fiz uma história sobre a minha vida, desde o início até hoje. Falo das minhas características e da minha descoberta de ser autista. Pensei que era uma boa ideia falar da minha própria história”, afirma. A expectativa dele agora é que o conto possa chegar a mais pessoas.
A mãe de Igor e Italo, a dona de casa Kátia Nunes dos Santos, 43 anos, destacou que o projeto foi muito interessante para os filhos. “Eles ficaram bem animados, chegavam em casa e queriam continuar a escrever. Eu estou bem animada também para ver a história deles, porque está sendo uma surpresa para mim”, comenta.
Além de se emocionar pela experiência dos filhos, ela se sentiu tocada por poder ver a evolução do colégio que estudou na infância. “Está sendo muito gratificante, porque na minha época não tinha isso, não existia esse projeto quando estudei na minha infância. E hoje meus filhos estão podendo ter essa oportunidade. Isso é gratificante para mim”, classifica.