Policiais penais do DF fazem ato em memória de agente morto por Covid-19 e pedem melhorias

Policiais penais do DF fazem ato em memória de agente morto por Covid-19 e pedem melhorias

Policiais penais do Distrito Federal realizaram nesta segunda-feira (18) uma manifestação em frente ao Palácio do Buriti, sede do GDF, em memória do agente Francisco Pires de Souza, de 45 anos – morto por Covid-19. Os profissionais também reivindicam “medidas efetivas” de proteção à categoria.

Francisco, conhecido entre os amigos como Chiquinho, estava internado no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) desde o dia 28 de abril e faleceu neste domingo (17). Esse é o primeiro óbito pela doença registrado no Complexo Penitenciário da Papuda.

A concentração começou por volta das 10h, em frente ao Estádio Nacional Mané Garrincha, no Eixo Monumental. Por volta das 11h os carros saíram em fila até o estacionamento do Buriti. Às 12h, os motoristas voltaram a estacionar na região e liberaram o trânsito.

De acordo com o presidente do sindicato que representa os policiais penais na capital (Sindpen-DF), Paulo Rogério Silva, “o ato é um grito de socorro para que o governo do Distrito Federal ouça a categoria e dê condições dignas de trabalho”.

Contágio no sistema penitenciário

Dados da Secretaria de Saúde apontam que há 539 infectados no sistema penitenciário do DF, sendo 111 funcionários, até a última atualização desta reportagem.

Segundo o Paulo Rogério, do Sindipen-DF, o governo não tem proporcionado as devidas medidas de prevenção aos servidores. Ele afirma que o distanciamento entre detentos nas celas da Papuda “é falácia” e não há testes de Covid-19 suficientes ou materiais básicos como álcool em gel.

“Nós tivemos ontem a perda dolorosa de um irmão de farda, e não foi franqueado a ele o mínimo de condições. Morreu em um leito do Hran. Esse colega não teve 10 centavos de ajuda para que ele pudesse pagar um plano de saúde”, diz Paulo Rogério Silva, presidente do Sindpen .

Policiais penais ouvidos pela reportagem na manifestação, que preferiram não se identificar, informaram que o efetivo de profissionais está reduzido.

“Foram transferidos agentes, reduzindo ainda mais o número de servidores nas unidades, que estão sobrecarregados, e tem um número bem significativo de servidores de atestado”.

Outro manifestante defende que haja uma testagem quinzenal dos servidores. Segundo ele, não há periodicidade nos exames.

A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), afirmou, em nota, que já testou 3 mil pessoas no sistema carcerário do DF e que “tem adotado uma série de medidas para resguardar os policiais penais” (veja íntegra da nota ao fim da reportagem).

Despedida

Francisco foi a 56ª vítima da Covid-19 no DF e o primeiro óbito de infectados pela doença no sistema penitenciário. De acordo com a Secretaria de Saúde, ele não tinha outras doenças.

enterro dele ocorreu sob aplausos e salva de tiros dos policiais penais. Ele foi sepultado no final da tarde de domingo (17), no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul.

“Um profissional exemplar, amigo e companheiro”, lembrou emocionado um dos colegas de Francisco, o policial penal Neto Freitas.

O que diz a Secretaria de Segurança Pública?

Nas redes sociais, o chefe da Anderson Gustavo Torres, da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF), divulgou uma nota lamentando a morte do servidor. “Dia triste para a Segurança Pública do DF”, disse.

“Neste momento difícil e doloroso, prestamos nossa homenagem a esse guerreiro que tanto contribuiu para a sociedade do DF.”

Em nota, a SSP-DF informou que tem feito “alta testagem” nos presídios. Veja a nota na íntegra:

“Desde que os primeiros casos de contaminação pelo coronavírus foram detectados no Distrito Federal, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF), por meio da Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe), tem adotado uma série de medidas para resguardar os policiais penais.

O trabalho de prevenção e de enfrentamento à Covid-19 no sistema prisional é realizado de forma alinhada com a Secretaria de Saúde (SES), a Vara de Execuções Penais (VEP/TJDFT) e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

A alta testagem realizada nos presídios do DF, desde o início dos primeiros casos da doença no DF, permitiu a adoção imediata de medidas preventivas e de isolamento. Até o momento, já foram aplicados cerca de 3 mil testes em internos e policiais penais no DF.”

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