Grupo de ‘bolsonarianas’ denuncia estelionato após cancelamento de congresso no DF
Um grupo de 11 mulheres, de diferentes estados e que lideram movimentos em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PSL), alega ter sido vítima de estelionato. Elas afirmam que pagaram por viagem a Brasília para participar do 1º Congresso de Bolsonarianas do Brasil, que não ocorreu.
O evento deveria ser realizado nesta quarta (13) e quinta-feira (14), no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, mas acabou cancelado na última segunda-feira (11). Por conta da situação, as mulheres procuraram a 1ª Delegacia de Polícia, na Asa Sul e registraram boletim de ocorrência.
O G1 entrou em contato com as organizadoras do evento, mas não recebeu resposta até a última atualização desta reportagem.
O evento
À Polícia Civil, as vítimas disseram que a organização do evento começou logo após a confirmação da vitória de Jair Bolsonaro nas eleições do ano passado. A divulgação prometia a presença da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves; e da primeira-dama Michelle Bolsonaro.
A coordenação do grupo e do encontro estava sob a responsabilidade de duas mulheres, que se apresentaram como representantes da Associação Bolsonariana do Brasil.
Uma das organizadoras foi identificada como Giselle de Sousa Pereira, que chegou a ser nomeada como assessora especial da Casa Civil por breve período, em junho deste ano. Segundo o boletim de ocorrência, a segunda responsável foi identificada como Alícia Moreno.
Orientações para pagamento
A dupla teria orientado um grupo inicial, formado por 20 mulheres, a atrair pelo menos outras 50 participantes para o evento. Assim, teriam de pagar apenas R$ 100 para ter direito a hospedagem com café da manhã e translado durante o Congresso.
Toda a organização do evento e contato com as participantes teria sido feito por um grupo no aplicativo de mensagens WhatsApp. As mulheres realizaram os depósitos bancários e recebiam documentos com a reserva dos hotéis.
Um das participantes desconfiou do valor baixo, mas segundo o boletim de ocorrência, as organizadoras garantiam outras fontes de financiamento.
“[…] Alegaram privilégio por muitos patrocínios para o Congresso, sem citar qualquer nome de patrocinador, alegando que os mesmos não queriam ter seus nomes divulgados”, diz a ocorrência.
Descoberta da fraude
Segundo as “bolsonarianas”, no entanto, na última segunda-feira (11), o grupo recebeu a informação de que a empresa de turismo contratada para a viagem não tinha recebido o valor do serviço.
Uma das vítimas também ligou para o hotel para se informar sobre a hospedagem e foi informada de que a reserva estava confirmada, porém, ainda não havia sido paga e totalizava valor de R$ 1.150,00.
No mesmo dia, a conta das organizadoras no Twitter anunciou o cancelamento do congresso (veja abaixo).
Convidados não confirmados
Ao G1, a assessoria de imprensa do Centro de Convenções Ulysses Guimarães confirmou que o evento chegou a ter espaço reservado. No entanto, afirma que a reserva foi cancelada “há mais de duas semanas”.
A organização do congresso havia reservado o Auditório Planalto, com capacidade para 800 lugares, pelo valor de R$ 23 mil.
Já a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, que foi anunciada como uma das palestrantes disse, por meio da assessoria de imprensa da pasta, que nunca confirmou presença no congresso.
“A ministra nunca confirmou presença no evento ou teve qualquer contato com os organizadores”, afirmou em nota.
Ainda de acordo com o ministério, embora Damares não tenha sido contatada pelos organizadores, a ministra recebeu o grupo de participantes que veio para Brasília, em um encontro por volta das 18h30 de quarta-feira (13).
O evento estava marcado para os mesmos dias em que Brasília recebeu a XI Cúpula do Brics. O grupo de mulheres também conseguiu se encontrar com o presidente Jair Bolsonaro, na saída do Palácio da Alvorada.