Senado inaugura espaço usado pela imprensa com nome do jornalista João Cláudio Netto
O Senado batizou, em cerimônia nesta terça-feira (26), um espaço utilizado por repórteres na Casa com o nome do jornalista da TV Globo João Cláudio Netto Estrella, falecido em junho.
Nascido em Catalão (GO), João Cláudio morreu aos 38 anos em Brasília, vítima de uma pneumonia. Durante 13 anos, o jornalista atuou como produtor da TV Globo no Senado. Em setembro, os senadores aprovaram projeto para homenageá-lo.
A cerimônia desta terça-feira contou com a presença de familiares e amigos, do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), além de parlamentares de vários partidos. Colegas da TV Globo e da imprensa também compareceram.
Discursos
Em pronunciamento, Davi Alcolumbre destacou o profissionalismo, a imparcialidade e a dedicação que marcaram a carreira jornalística de João Cláudio.
“O Senado, nas mãos de todos os senadores que aprovaram essa propositura, faz legitimamente, democraticamente, uma homenagem à imprensa brasileira pelo papel relevante de informar a sociedade. Mas, em especial, de forma muito carinhosa, estende aos familiares do João Claudio o nosso respeito, as nossas admirações, e o reconhecimento desta Casa ao papel que ele desempenhou como ser humano e como profissional, fazendo da sua profissão a sua vida”, afirmou o presidente do Senado.
Alcolumbre acrescentou que João Claudio, cumprindo as obrigações de jornalista, ajudou parlamentares, cidadãos e o Brasil, produzindo reportagens.
“Hoje é um dia de saudade, porque perdemos a presença dele aqui, mas é um dia de reconhecimento. Reconhecimento que o Senado faz hoje. Uma justa homenagem”, declarou Alcolumbre.
Autor do projeto em homenagem ao jornalista, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) lembrou que João Cláudio tinha a habilidade de “ser firme e duro sem perder a ternura”.
“Ele conseguia ter compromisso com a imparcialidade da notícia, sem ser indelicado. Essa estrela está no céu. Faz uma falta enorme João nos tempos e nos dias atuais que é necessário reafirmar a necessidade da imprensa livre, democrática, sem amarras”, disse Randolfe.
Em nome dos jornalistas da TV Globo, a repórter Zileide Silva recordou que João tinha a alegria como uma de suas características no ambiente de trabalho, apesar de a cobertura política ser “difícil e complicada”.
“O João estava sempre aqui. Isso aqui era quase uma extensão da casa do João. Brincávamos que ele já estava entrando no segundo mandato de repórter que cobre o Senado e mandato de senador aqui não é curto não”, afirmou a jornalista ao comentar os 13 anos de João na cobertura política.
Zileide também leu uma mensagem do colega Marcos Losekann, repórter da TV Globo, na qual ele compara João Cláudio a um “felino”, com a capacidade de enxergar notícias no escuro.
“Para ele, o importante era botar no ar, divulgar tudo muito bem apurado, tudo muito bem detalhado, tudo muito confiável, tudo impecável. Produtor de mão cheia, jornalista de primeira, o João andava nas sombras do Legislativo com a intimidade de um felino que enxerga no escuro. E como ele enxergava! O João via a notícia onde outros só identificariam fofocas triviais”, escreveu Losekann.
O jornalista também ressaltou que, na vida pessoal, João era filho e sobrinho amoroso, companheiro fiel e leal.
“Pois esse cara bacana, tão discreto e tão eficiente, decidiu sair de cena à francesa – bem do jeito que era de se esperar dele. Foi sem alardear, foi sem anunciar… Foi! O problema maior não é ele ter ido, mas ter nos deixado órfãos dele”, lamentou o repórter da TV Globo.
Érica Ceolin, diretora da Comunicação do Senado, afirmou que João Cláudio tinha uma “alma nobre”. “Sua elegância na busca da notícia tornava qualquer pergunta possível e necessária para a devida informação da população”, afirmou.
‘Saudade e Gratidão’
Muito emocionada e com a voz embargada, Maria do Rosário Netto, tia de João Cláudio, fez um discurso, em nome dos familiares, para agradecer aos presentes pela homenagem.
“Existem palavras que são constantes na nossa vida, que são saudade e gratidão, que serão eternas nas nossas vidas. Gratidão a Deus por ter nos dado uma pessoa tão boa, tão íntegra e justa aos amigos dele. Em toda a imprensa, ele tinha amizades incontáveis. A Globo deu todo o carinho e apoio”, disse Maria do Rosário.
Após os discursos, Maria do Rosário e a mãe de João, Maria Luiza Netto, fizeram a inauguração do novo nome do local, antes conhecido como “Aquário do Senado”.
Especialista em assuntos legislativos
A morte precoce de João Cláudio causou comoção entre senadores, funcionários do Legislativo, profissionais da Globo e de outros veículos de imprensa, além de deixar saudade entre os familiares, amigos e jornalistas que dividiam com ele a rotina nos corredores do Congresso Nacional.
Joãozinho, como era chamado pelos colegas, era uma pessoa querida, gentil e generosa. Com a experiência de mais de uma década na elaboração de notícias sobre o Senado, o produtor da Globo auxiliava, com paciência, os colegas mais jovens, que enxergavam nele um professor dos assuntos legislativos.