Maternidade em tempos de coronavírus: ‘Só pego meu filho para amamentar’, diz mãe infectada no DF
A revendedora autônoma Mariane Silva, de 28 anos, tinha outros planos para comemorar a chegada do filho caçula, Davi, que completou uma semana de vida nesta sexta-feira (15). No entanto, dois dias antes do parto ela foi diagnosticada com Covid-19.
A cirurgia cesárea foi feita no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) – referência da rede pública do Distrito Federal para casos do novo coronavírus. O bebê nasceu saudável, com 2,930 kg. O parto foi o primeiro realizado na unidade em uma mulher com confirmação da doença.
“Só pego meu filho para amamentar. Ele mama rapidinho e volta.”
Do nascimento do filho, Mariane pouco se lembra. “Assim que soube do diagnóstico, minha pressão subiu muito e também desenvolvi diabetes gestacional”, conta.
“Os médicos anteciparam tudo, e o Davi nasceu com 36 semanas.”
Já em casa, mas isolada do restante da família, a moradora de Planaltina se recupera da Covid-19 e diz sentir o peso da solidão pós-parto. É em um quarto, sozinha, que ela cumpre a quarentena. O marido e os outros dois filhos se revezam nos demais cômodos da casa.
“Não poder pegar meu filho no colo é a pior sensação do mundo, eu não desejo pra ninguém.”
O pai de Davi é quem toma conta do bebê, mas ele precisa concilia a nova rotina com o trabalho fora. “O resguardo é a hora que a gente mais precisa de ajuda, e com coronavírus não tenho ninguém para contar. A doença acaba com o meu psicológico, é bem complicado”, desabafa Mariane.