Rocco é considerado um dos 10 traficantes mais perigosos da máfia italiana. Ele foi preso pela Interpol na Paraíba e transferido ao Distrito Federal, em 27 de maio. O advogado do italiano, Leonardo de Carvalho Silva, disse que vai apresentar novo pedido de soltura.
Além da prisão preventiva de Rocco, a ministra atendeu um pedido da Interpol para manter a apreensão de bens do detento. De acordo com a decisão, “foram arrecadados diversos documentos de identificação brasileiros e uruguaios com suspeita de falsificação material e ideológica”.
O material, segundo o processo, será encaminhado à Superintendência Regional da Polícia Federal na Paraíba, para possível instauração de inquérito policial. “Autorizo que os bens arrecadados permaneçam apreendidos até o final do processo de extradição, quando a destinação será decidida de forma definitiva”, afirmou.
“Essas circunstâncias demonstram os requisitos legais determinantes para a manutenção da prisão preventiva do extraditando, pelo seu alto grau de periculosidade, pela objetiva possibilidade de nova fuga e de eventual prática de crimes de falsidade no Brasil”, considerou Cármen Lúcia.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) também se manifestou favorável à manutenção da prisão do italiano. O órgão reforçou que Rocco tem “perfil de alta periculosidade” e que não há razão para retirar a prisão preventiva.
Pedido de extradição e filha brasileira
O processo diz ainda que o governo italiano pediu a extradição de Rocco, em 9 de julho. O procedimento, no entanto, ainda será avaliado pelo STF.
Para pedir a revogação do processo e manter Rocco no Brasil, a defesa trabalhava com a tese de que o mafioso tem uma filha brasileira e vive em união estável. A jovem, atualmente, tem 19 anos.
Entretanto, na decisão, Cármen Lúcia disse que “não impede a extradição a circunstância de ser o extraditando casado com brasileira ou ter filho brasileiro”. Agora, segundo o advogado do Italiano, a defesa vai entrar com “pedido de refúgio que suspende o processo de extradição”. De acordo com ele, há irregularidades no processo que se originou na Itália.
Prisão
Rocco foi preso por policiais federais em um hotel do bairro Tambaú, em João Pessoa. Com ele estavam outros dois estrangeiros, sendo um italiano identificado como Vicenzo, que também está na lista dos 30 mais procurados da Itália. Contra o outro homem localizado no local não haviam nenhum mandado.
Um dia após a prisão, Rocco foi transferido para o Distrito Federal. No mesmo dia, a Polícia Federal concedeu coletiva à imprensa na capital e disse que o sentenciado é integrante da Ndrangheta, uma associação mafiosa da Itália considerada uma das mais perigosas do mundo, envolvida em crimes de tráfico de drogas, de armas, de pessoas e também lavagem de dinheiro.
Rocco já foi sentenciado pela Justiça da Itália a 103 anos de prisão. Há suspeitas do envolvimento dele com o tráfico de entorpecentes desde 1990, no Brasil e na Europa. Em 2017, ele chegou a ser preso no Uruguai, mas fugiu depois de dois anos e estava foragido desde então.