Helicóptero Sentinela transporta órgãos para transplantes no DF
Acostumada a lidar diariamente com situações corriqueiras de trânsito, uma equipe da aviação operacional do Detran-DF está investida também em uma ação humanitária: a de ajudar a salvar vidas. Por meio de um termo de cooperação assinado com a Secretaria de Saúde, o helicóptero do Detran tem sido o responsável por transportar órgãos, a exemplo de corações, vindos de outros estados para serem transplantados em pacientes do Distrito Federal.
Uma operação que demanda agilidade: receber um órgão vital na Base Aérea brasiliense e levá-lo ao Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal (ICTDF), no Cruzeiro, onde ele é esperado para bater em outro peito. Este ano, já foram sete corações conduzidos até o momento pelo helicóptero Sentinela até o instituto. Um desses veio de Palmas, em abril, de um doador de 34 anos. Outros de Curitiba e de Goiânia. Em um dos casos, o órgão foi levado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) em apoio ao Detran.
“Em se tratando de coração, é uma logística muito apertada, desde a cirurgia de remoção até o implante no receptor. Deve ser o mais rápido possível, em um prazo de até quatro horas”, explica a diretora Central de Transplantes do DF, Daniela Salomão. Uma central nacional é a responsável por coordenar esse trâmite de um estado para o outro. E o órgão é transportado dentro de uma caixa térmica, seguindo orientações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O voo até o ICTDF dura aproximadamente cinco minutos. Mas, antes disso, uma equipe médica da capital já esteve na cidade do doador para viabilizar o procedimento. Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), usualmente, traz o material humano até o DF. Não só corações, mas fígados e rins também estão na rota, em missões que iniciaram em 2015. Aproximadamente 50 órgãos já foram transportados pelo Detran desde então.
“Nossa função básica é cuidar da fluidez do trânsito e dar apoio a operações como blitz, campanhas educativas e verificar obstruções em rodovias. Vamos na frente”, explica o piloto e diretor da unidade de operação aérea do departamento, Sérgio Dolghi, “Mas, quando entra esse tipo de operação, todos vibram. Trata-se de salvar vidas e é algo que todo mundo sente muito prazer em fazer”, acrescenta.
Agentes em prontidão
Apesar do curto tempo de voo, o trabalho é árduo e não há margem de erros no planejamento. “Já tivemos missões em que o telefone toca às 2h da manhã e temos de mobilizar a equipe para estar dali a duas horas no aeroporto e fazer a captação. Mesmo de folga, nossos agentes são convocados”, explica Dolghi, com 2.400 horas de voo no currículo.
A pandemia da covid-19 e restrições devido às infecções pela doença reduziram sensivelmente o número de transplantes pelo país, o que agora volta à normalidade, segundo Daniela Salomão. Diante de uma demanda constante no Distrito Federal, a diretora da Central de Transplantes do DF ressalta que a parceria tem dado certo.
“A ‘engenharia’ tem funcionado muito bem. É um processo delicado, mas motivo de orgulho para todo mundo que participa dele”, aponta a médica, nefrologista de formação. “São novas vidas que começam a partir de cada ação dessa”, finaliza.