Aluguel de imóveis em Águas Claras é um dos que mais sobem em 3 anos no DF
Os últimos três anos, marcados pela pandemia de Covid-19, afetaram diretamente o mercado de aluguéis no Distrito Federal. Segundo o Boletim Conjuntura Imobiliária, os preços dispararam em Águas Claras, Samambaia, Sobradinho e Ceilândia. Divulgado pelo Sindicato da Habitação do Distrito Federal (SECOVI/DF), o levantamento traz a variação do valor do aluguel de apartamentos de 1 a 3 quartos desde 2019.
Águas Claras, por sua vez, foi a região administrativa com a maior variação no valor de imóveis para alugar, chegando a 44% de aumento. O valor médio de locação de apartamentos de um a três quartos na região chegou a R$ 2.150. Já os aluguéis no Plano Piloto sofreram uma queda entre 2020 e 2021 e seguem em recuperação esse ano. De acordo com o presidente do Sindicato da Habitação do DF (Secovi-DF), Ovídio Maia, o resultado da pesquisa surpreendeu o mercado. A expectativa era de registrar maiores aumentos no Plano Piloto e no Sudoeste. “Isso prova que Águas Claras se consolidou como cidade planejada”, afirmou Maia. Segundo ele, a região atraiu os locatários de imóveis com infraestrutura completa com espaços lazer, esporte e até reuniões.
Na avaliação do titular, os números são reflexo da pandemia. “As pessoas passaram a procurar locais onde possam morar e trabalhar. É o home office. E os condomínios são também miniclubes”, pontuou Ovídio. O metrô também pesou a favor da região administrativa, junto à oferta de comércio, escolas, faculdades e o Parque de Águas Claras.
Ainda na sua avaliação, trata-se da Lei da Oferta e da Procura. Águas Claras é uma cidade que deu certo. “O preço do metro quadrado a área privativa dos novos empreendimentos já ultrapassou R$ 9 mil. E nos imóveis antigos passou dos R$ 6 mil”, conta.
Busca por qualidade de vida
Segundo o economista César Bergo, Águas Claras foi projetada para a classe média, e oferece alto padrão de prédios e apartamentos. “Isso atrai bastante a atenção das pessoas que buscam qualidade de vida”, defende. “Fora isso, a cidade tem um índice muito alto de restaurantes, comércio, e isso atrai os compradores, além do espaço que é ocupado por parques. É uma cidade agradável”, acredita o profissional.
Esses números, de acordo com ele, apontam para uma melhoria significativa da renda da população que mora em Águas Claras e isso acaba pressionando o preço dos aluguéis. “Outro aspecto importante foi a migração de muitas empresas para Águas Claras, e isso facilita a vida das pessoas devido a proximidade com o trabalho. O crescimento do setor de serviço oferece também emprego, e isso chama as pessoas”, finaliza o economista.
Consoante a essa ideia, o presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (ADEMI DF), Eduardo Aroeira, destaca que Águas Claras possui prédios novos, recentes, com várias opções de tamanhos e quantidades de quartos. “Em geral, as pessoas buscam imóveis de qualidade, amplos, com varanda, e localizados onde há transporte público. No caso de Águas Claras, o metrô passa por dentro da cidade, então isso, sem dúvidas, atrai compradores”, finaliza.
Como explica Diego Silva Gomes, que é corretor de imóveis, a prioridade, sempre, em qualquer situação, é o conforto e a segurança. “Independente se for uma família ou um indivíduo apenas, estes preferem uma região que te ofereça, principalmente, estes dois requisitos”, menciona. “Um lugar bem localizado, com uma boa arborização, facilidade de locomoção tanto com veículo particular ou com transporte terceirizado, praticidade no dia a dia, com um comércio variado próximo, parques; esses são um dos aspectos que as pessoas mais buscam”, pontua Diego.
O corretor salienta ainda que a localidade escolhida depende do público, “pois os mais jovens, solteiros(as) visam bastante Águas Claras, devido a sua autonomia e sua variedade de comércios. No entanto, quando se trata de famílias ou senhores, buscam mais tranquilidade, dão preferência ao plano piloto”, cita.
Outras regiões
Neste mesmo período de avaliação, Samambaia teve aumento de 34,64%, alcançando o valor médio de R$ 1.110. Na sequência, Sobradinho, registrou aumento de 33,33%. O preço médio na cidade é de R$ 1.280.
Samambaia chamou a atenção do mercado devido a fatores relacionados ao oferecimento de prédios novos com preços mais baixos, além de acesso ao Metrô. A perspectiva de inauguração do Centrad também atraiu empreendimentos e pessoas para a região.
“Sobradinho é cidade serrana, com ares de interior. Tem muitos condomínios em processo de regularização, gerando o adensamento na região. Além disso, a malha viária melhorou”, explicou Ovídio Maia.
O estudo mapeou ainda o aumento de 27,76% no valor do aluguel em Ceilândia. Atualmente, o preço médio da locação é de R$ 975.
Mas e o Plano Piloto? Como expõe Maia, apesar das qualidades, o Plano Piloto apresenta imóveis com maior metragem e valores mais altos, incluindo as despesas com condomínio e Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Os valores da Asa Norte, por exemplo, tiveram aumento de 13,10%, ficando na média em R$ 2.790. Na Asa Sul, o aumento foi de 9,60%, com preço no patamar de R$ 2.850. No Sudoeste a variação foi de 3,25%, ficando em R$ 2.530.
Segundo Maia, atualmente 29% dos imóveis do DF são alugados. Percentual superior à média nacional, que é de 19%.