Com 16 ministros a anunciar, Lula busca acomodar aliados de outros partidos
O presidente da República eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ainda precisa confirmar o nome de 16 ministros para fechar a composição do alto escalão do governo, que terá 37 ministérios. Os últimos anúncios devem acontecer apenas na semana que vem, a última antes da posse.
Até lá, o petista vai intensificar as negociações com partidos que o apoiaram nas eleições ou auxiliaram os trabalhos do governo de transição para tentar acomodar todas as legendas na sua gestão. Por enquanto, com exceção de quem não é político, Lula confirmou apenas pessoas filiadas ao PT ou ao PSB para o seu corpo ministerial.
Depois de anunciar alguns ministros na quinta-feira (22), o presidente eleito teve reuniões com membros do MDB para definir quais pastas o partido poderá chefiar. Um dos nomes que devem compor a administração de Lula é a senadora Simone Tebet (MDB-MS), candidata da legenda na eleição presidencial deste ano.
Depois de perder o pleito, Tebet apoiou Lula no segundo turno, apesar de ter feito críticas a ele ao longo da campanha. Já no governo de transição, a senadora foi uma das integrantes do grupo técnico de desenvolvimento social. A demora de Lula em confirmar Tebet como ministra tem incomodado aliados do presidente eleito, que defendem a indicação dela por entenderem que a senadora foi importante para a vitória de Lula.
Havia a expectativa de que ela fosse anunciada como ministra de Desenvolvimento Social, Assistência, Família e Combate à Fome, mas Lula optou pelo senador eleito Wellington Dias (PT-PI).
De todo modo, ela vem sendo sondada para assumir a pasta do Meio Ambiente. Contudo, a negociação está emperrada, pois a deputada eleita Marina Silva (Rede-SP), que já chefiou o ministério em outros governos de Lula, é cotada para o posto.
Segundo pessoas próximas a Tebet, a senadora tem dito que não quer disputar o cargo com Marina pelo fato de ter se aproximado dela no segundo turno, quando a deputada eleita também fez campanha para Lula.
Diante do impasse, o presidente eleito estuda alternativas para ter Tebet e Marina na sua gestão. Uma das ideias sugeridas ao petista foi a criação do cargo de autoridade climática, que seria oferecido a Marina. Para tentar convencer a deputada eleita, Lula pensa em dar status ministerial a esse posto.
Nesta sexta-feira (23), o presidente eleito deve se encontrar com Tebet para tentar definir a questão. Além do Meio Ambiente, o petista pensa em sugerir a pasta do Planejamento à senadora.
Além do Meio Ambiente, Lula não definiu os chefes das seguintes pastas: Povos Indígenas; Previdência Social; Planejamento e Orçamento; Esporte; Cidades; Integração e Desenvolvimento Regional; Transportes; Minas e Energia; Comunicações; Turismo; Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar; Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Pesca e Aquicultura; Secretaria de Comunicação Social; e Gabinete de Segurança Institucional.
O presidente eleito tentará abrigar nesses ministérios pessoas indicadas por legendas como PDT, Cidadania, PSD e União Brasil. Um dos motivos dados por ele para ainda não ter convidado os nomes dos partidos aliados foi a votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) do estouro, mas ele garantiu que fechará o corpo ministerial até terça-feira (27).
“Quem tem expectativa, não perca. Tudo pode acontecer nos próximos dias. Segunda-feira de manhã estarei novamente em Brasília, para terminarmos de montar o governo, tomarmos posse e começarmos a governar”, afirmou Lula em entrevista a jornalistas.