Alexandre de Moraes diverge sobre destino de inquéritos que miram Gilberto Kassab

Alexandre de Moraes diverge sobre destino de inquéritos que miram Gilberto Kassab

Em julgamento que já tem cinco votos pelo arquivamento de inquéritos que miram ex-prefeito Gilberto Kassab, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, abriu divergência e defendeu que as investigações sobre suposta corrupção e lavagem de dinheiro sejam remetidas à Justiça Eleitoral de São Paulo para sua devida continuidade.

O caso é discutido no Plenário Virtual da Corte. A análise sobre o futuro das investigações foi retomada após um pedido de vista do ministro Alexandre de Moraes. O julgamento tem previsão de terminar na sexta-feira, 12. O placar está em 5 a 1 pelo arquivamento das investigações. Os ministros analisam um recurso da defesa de Kassab, que alega justa causa para investigação, além de constrangimento em razão da duração das apurações.

O relator do caso é o ministro Dias Toffoli, que defendeu o arquivamento da investigação sob o argumento de que a Corte máxima tem que “evitar constrangimento ilegal consistente em investigação sem perspectiva de desfecho”. O posicionamento foi acompanhado pelos ministros Gilmar Mendes, Edson Fachin, André Mendonça e Kassio Nunes Marques.

“Não se pode olvidar que continua a pesar sobre o investigado o ônus do inquérito, que não pode suportá-lo indefinidamente, ao alvedrio da polícia e do Ministério Público, mormente quando as investigações pouco ou nada avançam e, apesar de todos os esforços envidados nesse sentido, não se visualiza justa causa a ampará-las”, argumentou Toffoli.

Já o ministro Alexandre de Moraes considera “prematuro” o trancamento das investigações, sem conclusão delas. O voto segue parecer da Procuradoria-Geral da República, que entendeu que há “elementos probatórios que demonstram a existência de fatos típicos, além de indícios de materialidade e autoria delitivas”

Além disso, o ministro argumentou que a competência para análise sobre o andamento das investigações é da Justiça Eleitoral, “não cabendo, portanto, qualquer juízo de valor sobre o caso neste momento”.

A investigação se debruça sobre supostas propinas que teriam sido pagas a Kassab em 2008, em 2013 e em 2014 “em contrapartida a ter garantido a realização do ‘Túnel Roberto Marinho’ pela Odebrecht em 2008, bem como o enquadramento da concessionária Move São Paulo para emissão de debêntures incentivadas de infraestrutura e o enquadramento da Supervia para financiamento pela Caixa Econômica Federal no Pro-Transporte, em razão das funções por ele ocupadas: Prefeito (2008) e de Ministro das Cidades (2014), respectivamente”.

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