PT conta com Lula para recuperar espaço no ABC nas eleições de 2024
O PT pretende surfar na volta de Lula à Presidência da República para recuperar o espaço perdido nas últimas eleições em seu berço político, o ABC paulista.
Quando o antipetismo atingiu seu auge com o impeachment de Dilma Rousseff em 2016, o partido foi varrido de todas as prefeituras da região. Quatro anos depois, conseguiu avançar algumas casas e elegeu prefeitos em Mauá e Diadema.
A ideia agora é ter candidatos competitivos para manter ou conquistar ao menos 4 das 7 cidades da região São Bernardo do Campo, Santo André, Mauá e Diadema.
Uma das prioridades de Lula é a Prefeitura de São Bernardo, onde morou e deu seus primeiros passos na política.
O nome incumbido por Lula para a missão é o do deputado estadual Luiz Fernando Teixeira, que espera que o presidente se engaje pessoalmente em sua campanha. O deputado afirma ter sido convocado pelo mandatário a Brasília e ouvido dele que a eleição de São Bernardo é prioridade.
“Que todas as outras cidades tenham ciúme, mas ele [Lula] quer retomar São Bernardo de todas as formas, sobretudo pelo momento”, diz.
“O presidente Lula tem um apreço muito grande pela cidade e a cidade está num sofrimento muito grande na atual gestão, em um empobrecimento, nunca se ouviu falar em São Bernardo com uma queda de arrecadação no nível que se está.”
Neste ano, Lula já foi duas vezes a São Bernardo. Na primeira, em junho, visitou a UFABC (Universidade Federal do ABC). No mês seguinte, participou de cerimônia de posse da nova diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em evento com a presença da cantora Maria Rita.
A ideia do presidente é recuperar o comando da cidade após duas eleições seguidas de Orlando Morando (PSDB), no cargo desde que Luiz Marinho (PT), hoje ministro do Trabalho, terminou seu mandato em 2016.
Entre os adversários de Luiz Fernando, o ex-deputado federal Marcelo Lima(PSB) desponta como provável candidato governista. Além dele, o deputado federal Alex Manente (Cidadania) é pré-candidato, tendo, inclusive, aparecido na liderança de pesquisa recente na cidade do Instituto Paraná.
Manente aposta as fichas do antipetismo e, recentemente, recebeu aceno importante do bolsonarismo. O vereador Paulo Chuchu (PRTB), próximo de Eduardo Bolsonaro (PL), que indicou que poderia apoiá-lo.
Além de usar o presidente Lula como ativo, o PT também deve focar a campanha em críticas à atual questão, seja por suspeitas de corrupção ou por problemas sociais como o grande contingente de pessoas em situação de rua na cidade.
Assim como em São Bernardo, em Santo André o PT está fora da administração da cidade desde 2016, quando Carlos Grana deixou o posto.
No partido, a volta de Lula ao poder é vista como prenúncio que a cidade, com tradição de prefeitos petistas, pode virar à esquerda de novo.
A aposta da vez é a ex-vereadora Bete Siraque, que já disputou as eleições em 2020 e perdeu para o então candidato à reeleição Paulinho Serra (PSDB).
Sem poder disputar eleição novamente, o atual prefeito ainda não bateu o martelo sobre quem apoiará no pleito. Entre os cogitados, está o atual secretário de Saúde, Gilvan Júnior.
Bete apareceu em pesquisa divulgada em setembro à frente nas intenções de voto, seguida pelo vice-prefeito Luiz Zacarias (PL).
Para ela, a performance reflete o recall da atuação na campanha de 2020 e também a memória das administrações petistas na cidade, com Celso Daniel, João Avamileno e, por último, Carlos Grana.
“Muito do que existe de forma fundante e estruturante [em Santo André] se deve às políticas que implementamos, que pretendemos retomar”, defende.
A pré-candidata afirma que ganhar espaço na região mostra que o partido deu a volta por cima após um período difícil. “A retomada dessas cidades significa, claro, demonstrar a capacidade que o PT tem de se reinventar e retomar a sua força política”, diz.
Diadema talvez seja a cidade onde há maior otimismo no partido, com José de Fillipi Jr. em busca da reeleição e de seu quinto mandato.
A cidade é um terreno conhecido e fértil para o PT, que domina a política ali desde que Gilson Luiz Correia de Menezes assumiu o cargo em 1983, sendo o primeiro prefeito eleito pelo partido. Desde então, só perdeu três eleições, sendo uma delas para o próprio Gilson, pelo PSB.
Os petistas estão confiantes em uma nova vitória devido à alta aprovação das gestões de Fillipi na cidade. No entanto, ele deverá enfrentar Taka Yamauchi (MDB), de quem ganhou nas últimas eleições com uma diferença de apenas 5,6 mil votos, em um total de 233 mil no segundo turno.
Já em Mauá a situação é mais complicada para o petista Marcelo Oliveira, que também tentará a reeleição.
A Paraná Pesquisas mostrava, no final de outubro, o prefeito em segundo lugar na corrida, com 19,1% dos votos. Enquanto isso, o deputado estadual e ex-prefeito mauaense Átila Jacomussi (Solidariedade) tinha 38,1% das intenções de voto.
Petistas dizem acreditar, porém, que o quadro possa se reverter logo com a ajuda de Lula. Além disso, veem viés de alta na aprovação do atual prefeito.
Em São Caetano, reina a incerteza sobre o pleito eleitoral como um todo e não só no PT. Até o momento, o prefeito José Auricchio Júnior (PSDB) não definiu quem vai apoiar na disputa em setembro, Fábio Palacio (União Brasil), Tite Campanella (Cidadania) e Regina Maura (PSDB) apareciam empatados tecnicamente em uma pesquisa do Instituto Paraná.
A pesquisa não trouxe nenhum nome do PT, que nunca governou a cidade. Um nome cogitado pelo partido é o do ex-deputado federal e ex-presidente do Sesi Jair Meneguelli.
O PT não tem nenhum candidato em Ribeirão Pires por ora. Em Rio Grande da Serra, a sigla deve apoiar a reeleição da atual prefeita, Penha Fumagalli (PSD).